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Dicas e respostas sobre velas – Guia sobre “problemas” com cera de soja, coco, palma ou qualquer outra cera vegetal

Olá leitores entusiastas sobre velas de soja e outras ceras vegetais, neste artigo irei complementar os meus últimos posts sobre velas, focando principalmente nos possíveis problemas e imperfeições que podem acontecer na sua produção.

Para saber mais e sanar algumas questões, por favor, leia meus demais artigos e me siga no instagram:

– Vela de cera de soja
Vela de soja com flores naturais
Dicas e respostas sobre velas – Ceras de soja, coco, abelha e mais
Qual pavio usar na sua vela com cera natural

Todas as fotos neste post são do site CandleScience.


A primeira coisa que você precisa saber e aceitar:

Toda cera vegetal pura, terá um acabamento opaco ou pouquíssimo brilhante. E quanto mais natural for a cera, menos “perfeita” ela será. Ceras naturais são desiguais, são granulosas e muitas são quebradiças. Saiba que perfeição não existe. Elas são instáveis, racham com facilidade, mancham, mas essas são características de uma cera NATURAL e não um defeito.

Além disso, saiba que você precisará fazer testes. Muitos testes! Não é de primeira que acertamos na hora de fazer uma vela. Então tenha calma e se disponha à pesquisar e estudar.

Dê um tempo para a vela curar. Não acenda de imediato assim que a cera se solidificar. A cura é essencial para os cristais da cera se fundirem aos óleos e essências. (Espere um tempo entre 1 à 2 semanas).


Manchas

Isto na verdade não são manchas, isso é na verdade apenas a área onde a cera ao se resfriar, retraiu e “descolou” do vidro. Geralmente acontece nos pontos onde a cera esfriou muito rápido. Ou na área onde havia alguma sujeira/resíduo no vidro.

Para evitar: Limpe com álcool e pré-aqueça os vidros. Despeje a cera de forma lenta para evitar a formação de bolhas de ar. Dê uma distancia de 10cm entre as velas que estão esfriando, pois recipientes próximos acabam por reter o calor um dos outros, (o que faz com que algumas áreas esfriem e solidifiquem em momentos diferentes). Não coloque seus vidros sobre bancadas frias como mármore ou granito.


Cristais aparentes e topo áspero

Se a cera esfriar rapidamente ou tiver pequenas bolhas de ar, a superfície ficará com um acabamento muito manchado ou craquelado.

Fazer suas velas num dia muito frio, também pode causar estes craquelados.

Para corrigir: Cubra a imperfeição com mais cera ou derreta levemente com um maçarico.

Como evitar: Durante o derretimento não misture sua cera em excesso, evitando o acúmulo de ar e deixe as velas esfriarem em uma temperatura amena.

Toda cera ao se resfriar formam cristais, mas algumas vezes, estes cristais se concentram no topo da vela, principalmente quando ficam descobertas e expostas ao ar livre.

Este “problema” é somente estético e não interfere na queima da vela.

Quanto mais colorida for a sua vela, mais estes cristais serão visíveis. Então para camufla-los, não tinja a cera.

Para evitar sua formação excessiva: Misture menos a cera enquanto derrete. Pré-aqueça o vidro. Não despeje a cera muitíssimo quente. Deixe as velas esfriarem em uma temperatura amena (23° é o ideal), sem corrente de ar e não coloque sua vela quente sobre bancadas frias como mármore.


Rachaduras

É causado pela retração da cera ao esfriar sobre pequenas bolhas de ar. Quando a vela esfria ela afunda justamente no espaço vazio que a bolha de ar deixou.

Para evitar: Despeje a cera de forma lenta e olhe no vidro para ter certeza que não há bolhas de ar, (se tiver, vá com um palito bem fino e tente estourá-la). Deixe a vela esfriar de forma lenta. Não coloque seus vidros sobre bancadas frias como mármore ou granito.


Buracos no topo

É o mesmo que acontece com as rachaduras, porém, numa escala maior.

Quando misturamos muito a cera ou despejamos de forma alta ou rápida nos frascos, esta cera derretida fica cheia de bolhas de ar. Enquanto a cera vai esfriando lentamente, essas bolhas vão subindo e sendo empurradas para a superfície e centro da vela até sairem por cima.

Mas quando a vela esfria de forma muito rápida, ela acaba criando uma camada fina de cera sólida no topo. Quando as bolhas de ar chegam na superfície e encontram essa parte solidificada, elas acabam ficando presas dentro da vela. Assim, quando a vela endurecer completamente haverá um espaço vazio, deixado pelo ar, com isso, a camada superficial irá desmoronar e formar essa cratera.

Para evitar: Misture delicadamente e despeje de forma lenta nos vidros.

Para consertar: Despeje mais cera derretida até cobrir os buracos ou derreta a superfície com um maçarico e deixe endurecer novamente.


Suor, syneresis, (ou sangramento da fragrância)

Um tempo depois da vela solidificar pode aparecer gotinhas de óleo/essência no topo e no fundo da vela. Isso ocorre quando a essência não consegue “grudar” corretamente nos cristais da cera.

Causas: Ou você usou essência em excesso ou o óleo da essência é muito grosso e precisa de uma temperatura mais alta para se fundir corretamente à cera derretida.

– Óleos essenciais, não podem ser adicionados às ceras derretidas com temperatura acima dos 55 graus Celsius, (pois perdem sua função terapêutica).
– Já essências sintéticas misturadas à óleos com moléculas maiores, precisam de uma temperatura elevada para se fundirem à cera de soja, (cerca de 80 graus).

Porém, o ideal é que o derretimento da cera não passe dos 70 graus, pois ela pode ficar amarelada depois disso.
Tem que lembrar também que parte da fragrância da essência acaba evaporando quando a temperatura da cera está muito alta,
Logo, em ambos os casos, há um dilema. Ou você arrisca a deixar sua cera amarelada aquecendo-a aos 80 graus para fixar o óleo da essência e assim, acaba perdendo um pouco da fragrância ou você adiciona a essência na cera com derretimento abaixo dos 60 graus e corre o risco de ocorrer a separação do óleo na vela.

Para evitar: Depois de adicionar a essência na cera derretida, (seja ela sintética ou não), misture por pelo menos 2 minutos, (tomando cuidado para não criar bolhas de ar).


Óleo se separando completamente da vela pronta

Quando adicionamos óleos e/ou essências oleosas na cera que não foi derretida completamente ou que foi derretida à uma temperatura muito baixa, esse óleo não consegue se fundir completamente à cera.

No geral, as ceras são substâncias que em temperatura ambiente se encontram em estado sólido, elas são lipídeos simples constituídos por uma molécula de álcool ligada a uma ou mais moléculas de ácidos graxos.

Óleos são substâncias viscosas que em temperatura ambiente se apresentam no estado líquido. São compostos por lipídios ou ácido graxos formado por triglicerídeo que possuem radicais insaturados, ou lipídios formados pela união de três moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerol.

Ambos possuem a mesma cadeia de moléculas e são lipofílicos (ou seja, conseguem se misturar com outros óleos). Porém, eles precisam ser aquecidos à uma temperatura correta e específica chamada ponto de fusão. Somente quando atingem esta temperatura durante o derretimento é que se fundem. (Para saber o ponto de fusão da sua cera, é preciso obter o laudo técnico fornecido pelo químico responsável por comercializar a cera). Para saber o ponto de fusão de qualquer outro óleo, é preciso conhece-lo, (o óleo de soja por exemplo, tem ponto de fusão em torno dos 33 graus). Geralmente com uma pesquisa rápida na internet, você consegue estes dados aproximados.

Para evitar: Derreta sua cera até atingir o ponto exato de fusão. Adicione óleos ou a essência na cera derretida e misture por pelo menos 2 minutos, (tomando cuidado para não criar bolhas de ar).


Mancha amarelada ou mudança de cor no topo da vela 

Velas que ficam expostas à luz tanto solar quanto artificial acabam ficando manchadas com o tempo. Então se você é dessas que deixa a vela exposta e nunca acende, saiba que com o tempo, a tendência é que ela fique cada vez mais amarelada.

Para diminuir a chance da sua vela ficar amarelada muito rápido: Adicione corante branco durante a confecção.

Outra coisa que pode amarelar, esverdear ou acinzentar suas velas, é a adição de qualquer essência que contenha vanilina na composição. Estas essências são foto-sensíveis e mudam a coloração se expostas à luz.

Para corrigir: Não tem o que fazer. Aceite e pronto! Ou não use essência com baunilha.


Fumaça preta e chama alta

Toda e qualquer coisa que queime irá produzir fumaça, mas umas fumaças são mais perceptíveis que outras.

Na vela de soja, a queima ideal, produzirá uma fumaça branca e quase imperceptível. Se sua vela está com fumaça preta e fedorenta, há algo errado com sua mistura de ceras, óleos e essências. E está ocorrendo uma combustão incompleta.

A cera pura, é completamente sólida e dura, logo quando misturada à óleos insaturados, (que são líquidos em temperatura ambiente), a vela fica mais macia e não queima a temperaturas tão altas. Quanto menor a temperatura de queima da vela, mais rápido ela será consumida e mais fuligem ela irá produzir. Isto é uma combustão incompleta.

Além disso, a ponta do pavio não pode passar de 0,5cm. Quanto mais alto o pavio, mais rápido ele irá consumir a combustível da cera e mais rápido esse combustível será queimado.

Como corrigir: Use menos quantidade de óleo na produção das suas velas. Diminua o tamanho ou a espessura do pavio.


Túnel

Isso acontece quando o pavio é muito fino e a sua queima não consegue produzir calor suficiente para derreter toda a cera em volta criando a tão desejada “piscina” de cera.

Ou também quando o pavio é muito alto e acaba por consumir a cera de forma muito rápida, sem dar tempo para a cera ao redor dele ser derretida.

Como evitar: Use um pavio mais grosso. Ou corte o excesso do seu pavio até sobrar 0,5cm.


Piscinas pequenas

Leva cerca de 1hora de queima constante para uma vela bem equilibrada conseguir formar uma piscina de aproximadamente 2~3cm em volta do pavio. Ou seja, se sua vela está num vidro de 7cm ela levará aproximadamente 3 horas para formar uma piscina completa.


Topos ásperos e feios depois de uma queima

Esta é uma característica da cera de soja e não um sinal de que você fez algo incorreto. ​Quando a cera da piscina esfria muito rápido depois de uma queima, ela irá apresentar os mesmos sinais do “problema” Cristais aparentes e topo áspero.


Grumos no pavio queimado 

Isto é excesso de carbono. Quando o pavio “chupa” muita cera derretida e a chama não consegue queimar toda essa cera, este acima é o resultado perceptível quando o pavio apaga.

Como evitar: Use menos óleo durante a produção da vela. Corte o excesso do pavio depois da queima (lembre, ele precisa ter no máximo 0,5cm de altura).


Saiba que as ceras podem ser derretidas quantas vezes for necessário, desde que respeitado o seu ponto de fusão. Então se você não gostou do resultado da sua vela, basta retirá-la do vidro, colocar no banho-Maria com pavio e tudo e derreter novamente.

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